terça-feira, 18 de maio de 2010

Ter um Muro

Outro dia me surpreendi com amigo meu louco para tirar água do joelho num bairro totalmente isolado cheio de árvores e ele disse que iria procurar um muro para poder se aliviar por medo da polícia passar, de fato, encontrou-o. Creio que debaixo do muro não tinha terra e sim cimento, e aí vem a minha pergunta, cabível de discussão. Não podemos urinar nas árvores e na terra, mas podemos urinar nas calças e em muros?

De fato, existem vários dispositivos legais na nossa constituição que proíbem tal ato, mas por necessidade maior, digo, menor do Governo são ínfimos os números de banheiros públicos na cidade ao contrário dos grandes lugares públicos de concentração de pessoas como praças e similares.

Não sei se é parte do lobby das fraldas e dos absorventes, mas me parece que é uma necessidade natural do homem que nem sempre pode ser resolvida na casinha, por falta da presença da mesma ou por falta de dinheiro na hora H, já que muitos banheiros públicos são pagos. Beatos os animais que não precisam pagar, mas deixemo-los a parte, pois parece que não somos mais como eles, de fato, em algumas coisas pensamos bem já que o fator de higienização é o que mais cabe à utilização de vestimentas na nossa sociedade além da proteção, claro, mas não deixa de ser engraçado pensar que as roupas de baixo foram criadas como forma de não trocar a roupa todo dia antes mesmo de pensar-se em higienização já que assim podia adiar ainda mais a lavagem das roupas e obviamente, o banho.

Algumas leis se resvalam da necessidade de não mostrar a genitália de forma a configurar ato de violência ao pudor, enquanto outras puxam para o lado de sujar e degenerar o espaço público e particular, essa sim o grande problema dessa prática, mas para nossa sorte fazer nas calças não configura delito algum, talvez o cheiro sim, mas prefiro não entrar nesse argumento, se tiver alguma punição cabível deve ser a mesma de não tomar banho.

No mais vamos todos ter que comprar fraldas para ter mais e mais assaduras e constrangimentos ou segurar a vontade criando uma série de complicações internas, pedras nos rins e infecções urinárias as últimas comum as mulheres que não tem outra saída a não ser esperar a chance de encontrar um lugar adequado (que por sinal a maioria dos banheiros públicos e particulares não tem).

Mas bem, já que o importante é não mostrar o órgão genital temos várias formas de resolver o problema sem ter que sair com dinheiro de casa:

1- Saia e Garrafa (preferencialmente retornável) de boca larga: para os modelos masculinos recomendo o uso do Kilt e recomendo as mulheres não usarem vestido. Quanto à roupa de baixo fica a opção de saia mais curtas. Só tenham certeza de que a saia está bem presa e as intimidades não fiquem a mostra. Para direcionar as mulheres podem usar um pênis de papel.

2- Banheiro Inflável, Compressor e/ou e Tenda ou Lona: dobráveis e facilmente colocado na mochila.

3- Calça de Cavaleiro e um Galão de água: Lavando-se a moda antiga jogando água por cima da armadura, de preferência usem materiais que não enferrujem

Em todos os casos recomenda-se andar com uma garrafa de álcool-gel ou similar para possível combustão ou bomba de fumaça para facilitar a fuga dos germes e bactérias, no caso da armadura recomenda-se a utilização de um cavalo, carroça ou similar.

Fica o alerta para os donos de imóveis a utilização de coletores internos e externos, a Uréia e os sais presentes na Urina podem ser muito saudável para o ciclo do nitrogênio de árvores jovens e adultas, eu vejo um mercado promissor até.

Os que quiserem contribuir podem mirar no coletor ou usar de extensores para a genitália, assim como os pênis descartáveis para mulheres, evitando a contaminação com germes dos transeuntes anteriores. Os coletores devem permitir ao usuário uma forma de cobrir sua genitália. As fezes podem ser utilizadas de esterco depois de certo tratamento, e podem ser encaminhadas a entidades específicas.

No mais, se tudo falhar, use uma sacola plástica e uma tenda sem furo, tente jogar no banheiro ou ralo mais próximo ou meiar a ida ao banheiro com algum amigo. Não se recomenda a utilização de bueiros, já que o mais importante é tratar essa urina de forma adequada. Se não se incomodar vede bem e leve pra casa.

Concretizando,

Mateus

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Ter uma Terra


Gorilas não são nômades e na escala evolutiva, isso nós aprendemos com eles... Ou será que não? Quantos homens migram de um lugar infértil, ou da sua casa para as cidades em busca de alimento, de qualidade de vida e de dinheiro?

Vivemos em uma sociedade que anseia pelo turismo, e não é o turismo de ideias filosóficas, biológicas, mas o turismo de bens materiais. Viajamos quilômetros para comprar utensílios que nunca vamos usar, vendemos aquilo que não nos serve mais. Somos comprados por folders vermelhos e amarelos e somos vendidos a preço de banana.


Um “primata primitivo” que se preze não come e destrói seus cupinzeiros, ele os cultiva. A agicultura e a pecuária é o que nos separa desses primos distantes, mas não uma agricultura predatória. Nossa agricultura tem que ser rotacionada, devemos plantar diversos tipos de hortaliças e frutas no mesmo local, comer diversos tipos de cupins, formigas, térmites ou o que for mais saudável, claro.Por que não temos então uma terra privada, particular? Simples, alguém quer ter uma Terra maior do que a nossa, ser um único macho dominante no mundo inteiro, ou ao menos tentar ser. Pena, de todas as façanhas, uma que um homem nunca conseguiu foi dominar o mundo, mas em termo de infestação, nós, homo-sapiens-sapiens, já o fazemos tem um bom tempo, em menor número do que os vírus, as baratas e as formigas, e etcs, mas mais do que qualquer organismo de esqueleto complexo (se não fui o suficientemente direto para entender esse conceito, basta depreciar a densidade demográfica das grandes metrópoles).


Afinal, é isso que nos torna evoluídos? Sobreviver a qualquer mudança climática, saber o que usar para se adaptar as situações extremas, reproduzir em escala astronômica e comprar lotes na Lua? Não, baratas também sobrevivem a situações bem mais adversas que nós e, no entanto, não tem muita consciência, que não a instintiva. Nós podemos, no limite, comer essas baratas sem muita dificuldade e até sentirmos bem depois dessa ilustre refeição. Por que então, não o fazemos, por que não usemos elas de adubo? Simplesmente incineramos essa enorme quantidade de açúcares no ar? Poderíamos fazer até bebidas alcoólicas (pros mais fanáticos). Os mais afoitos sugerem deixar isso de lado, tudo bem, não sejamos tão sangue de barata, mas finjamos que somos como elas...

Devoraríamos tudo, até o final, mudaríamos, encontraríamos mais comida... Mudaríamos, etcs, etcs... Comportamento nômade, claro! Todavia, e se fôssemos nômades mas deixássemos árvores suficientes para a próxima geração de frutos ou se comessêmos outro tipo de proteína enquanto essas frutas crescem?


De fato, executaríamos pequenas migrações, mas seria compensador voltar e ver o que se plantou ou o que nasceu inesperadamente. Seria bom ver uma terra mais fértil e não um pasto comprimido e ralo, que impede qualquer outra forma de vida de vingar.

Será bom ver que outros animais passaram por ali também (animais que vamos comer só parte também), e não serão frutos da mesma massa que intensivamente damos a eles de comer, mas que talvez só uma pequena parte deles será um composto do que comemos enquanto o resto virá de outros lugares também, de certa forma, reduzirão nossa vida de ambulante... Estamos realmente no topo da cadeia, somos onívoros (por definição) pouco eficientes, variamos muito pouco o cardápio e uma boa dieta, é também uma dieta variada.


Tornemos ao problema agrário: as grandes questões dos sem-terra, dos famélicos em geral, é a falta de variação nas sementes e de local para cultivo e a resposta, infelizmente (já que não é aplicada), não é a falta de comida ou de terras, mas a falta de vergonha na cara de quem produz essa comida e dá os mais toscos compostos pro seu gado, pra suas plantas altamente selecionadas, todos cansados da mesma terra e dos mesmos nutrientes (todos iguais, com um gosto não muito diversificado, e composição também!).


Antes de sair do topo da pirâmide temos que descer, um pouco, ao menos, afim de evitar uma queda maior. Prefere barata frita ou tostada? Tente usar fogo, uma lupa firme a luz do Sol, bombas atômicas não fazem muito efeito, se elas caírem elas até voam, mas nós dificilmente nos safaremos, e não adianta subir nas árvores, e será dificil correr até as montanhas, o jeito é cavar cada vez mais fundo.

Texto e Arte: Mateus Portugal